sábado, 28 de abril de 2007

Good Night, and Good Luck

Achei esta passagem pertinente. Contextualiza-se nos anos 50 americanos, mas, sem grandes incongruências, também se contextualiza com facilidade nos dias de hoje. Aqui e em qualquer lugar.

in "Good Night, and Good Luck" (2005)

É meu desejo, se não meu dever, tentar falar com vocês, homens experientes, com alguma sinceridade sobre o que se está a passar na rádio e televisão.
E se o que eu digo é de responsabilidade, apenas eu sou responsável por dizê-lo.

A nossa história será o que fizermos dela. E se houver historiadores daqui a 50 ou 100 anos, e se forem preservados os cinescópios duma semana das três estações, eles irão encontrar gravadas a preto e branco, e a cores, provas de decadência, fuga e isolamento das realidades do mundo em que vivemos.

Actualmente, estamos abastados, gordos, confortáveis e complacentes.

Temos uma alergia embutida a informação desagradável ou perturbadora. Os nossos meios de comunicação reflectem isso. Mas a não ser que nos desliguemos dos nossos gordos lucros e reconheçamos que a televisão, no geral, está a ser usada para distrair, iludir, entreter e isolar-nos, então a televisão e os que a financiam, os que olham para ela e os que nela trabalham, podem ver uma imagem totalmente diferente demasiado tarde.

Porque se estiverem certos... e este instrumento não servir para nada, a não ser para entreter, divertir e isolar... então a televisão está a vacilar e em breve veremos que a luta está perdida.

Este instrumento pode ensinar.
Pode esclarecer e, sim, até pode inspirar, mas apenas pode fazê-lo na medida em que os humanos estejam determinados a usá-la para esses fins. De outra forma, são apenas fios e luzes... numa caixa.

Boa noite, e boa sorte.

Edward Murrow (1908 – 1965, jornalista americano e importante figura dos media)

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